O PRIMEIRO SUSTO
DE NIVA!
Para
deixar a minha contribuição no blog do camarada Betão vou contar um “causo”
ocorrido logo que comprei meu Niva vermelho 1991, viatura conhecida entre os
amigos pela alcunha de “Colorado Velhaco”.
Desde
quando era guri tinha o sonho de ter um Niva, na verdade desde quando meu pai
comprou um Laika zero km e eu fui picado pelo vírus russo. No fim de 2011 juntei
uns trocados, convenci a Dona Onça (essa foi a parte mais difícil), e decidi
que me tornaria um feliz proprietário de um bravo filho da Mãe Rússia, ou como
dizem, um Niveiro.
Passei a
acompanhar fóruns, classificados, internet, e caçar aquela que seria a minha
viatura. Procura daqui, procura dali, e achei todo tipo de Niva, originais, Nivas
modificados, Carros movidos a gasolina, a diesel, a álcool, à vodka; Nivas caros,
baratos, carros em estado de sucata, em estado de novo.
Cheguei a
me apaixonar por alguns Nivas bonitões, com rodões e preparados pra trilha, mas
depois desisti, aconselhado pelos camaradas mais experientes que me mostraram
que nesse meio niveiro tinha muito gato sendo vendido como lebre.
Um certo
dia vi um anúncio na internet que era bom demais pra ser verdade: Um Niva do
ano que eu queria, da cor que eu queria, todo original como eu queria, bem
barato e, coincidentemente, estava na minha cidade natal, Pelotas-RS.
Troquei
e-mail’s, pedi fotos, telefonei, negociei com o vendedor e ele ainda baixou
mais um pouco o preço anunciado. Não tive dúvidas, viajei 260 km e fui buscar a
viatura.
Chegando
lá o carro era original e tava bom de mecânica, mas tinha muitos defeitos que
não tinha visto nas fotos, como pintura desbotada, pontos de ferrugem, pneus
carecas, pára-brisa trincado e uma folga na direção de palmo e meio.
Aproveitei
esses defeitos pra dar uma chorada e o vendedor baixou ainda mais o preço.
Comparado com os outros anúncios que eu tinha visto o carro tava quase de
graça.
Quando a
esmola é muita o santo desconfia e comecei a desconfiar da pressa do vendedor em
se livrar do carro, mas o vendedor era um médico, um sujeito com uma bela casa,
com dois camionetões importados na garagem. Pensei “Ele só quer se livrar do
russinho pra desocupar espaço e tá pouco ligando pro dinheiro”.
Mal
acreditando na minha sorte grande, comprei a viatura e rodei os 260 km de volta para minha casa
olhando através do pára-brisa trincado, a folga na direção fazendo o carro
zigue-zaguear na estrada, os pneus assustadoramente carecas me atirando no
acostamento a cada curva e uma fila de caminhões atrás de mim buzinando... mas
feliz da vida como um guri com um brinquedo novo!
Na
primeira semana passei a procurar um pára-brisa para substituir o trincado e
poder vistoriar o carro para transferir pro meu nome. Achei um na cidade de
Santa Maria – RS, a 100 km
da minha casa. Procurei fotos no Google e a loja era um desmanche muito
“suspeito”, localizado num bairro mais “suspeito” ainda.
Como o Niva
não estava muito seguro para rodar e a loja aonde eu ia parecia menos segura
ainda, convidei vários colegas do escritório aonde trabalho para ir comigo e o
único que topou a aventura foi um estagiário, que atende pelo apelido de
“Aspira”.
Na ida a viagem
foi uma beleza e o Niva me surpreendeu. Tava rodando bem e o Aspira dirigiu
tranqüilo o tempo todo. Trocamos o pára-brisa e estávamos no acostamento da BR,
com pressa de sair do tal bairro suspeito, quando um sujeito muito gordo (coisa
de uns 200 quilos) vem atravessando a estrada correndo em nossa direção,
sinalizando com os braços pra cima para não arrancarmos com o carro.
Ficamos
parados, com o motor ligado, e o gordo chegou ofegante, enfiou meio corpo pela
janela e segurou o volante para não sairmos.
Daí ele
diz: “De quem é esse carro?” E eu respondi que era meu. Ele perguntou “Tu
comprou a pouco tempo?” e eu disse que sim, havia uma semana. Aí o sujeito me
olha bem sério nos olhos e me diz: “Pois esse carro é meu! ESSE CARRO É ROUBADO!!!”.
Naquela
hora lembrei do vendedor entregando o carro a preço de banana e pensei: Putz,
lá se vai o meu Niva!
O gordão
começou com uma história de que o carro tinha sido roubado um ano antes e que
tinha sido visto rodando em Pelotas (a cidade onde eu comprei), e que ele
estava investigando por conta própria porque a polícia não dava bola.
No meio
dessa história toda o Aspira, meu fiel escudeiro, só me olhava sério e não dava
um pio.
Me
recuperei do susto e disse pro sujeito que, se ele achava que era o Niva dele,
então devíamos ir pra delegacia resolver. Afinal eu podia provar a origem do
carro, tinha prova do que paguei, tinha o DUT assinado, etc.
Foi
quando o gordo me olhou de novo no olho e perguntou “Tu tá nervoso, rapazinho?”
e eu sério respondi “Não, tô tranqüilo”, ao que o gordo replicou “Pois deves ficar
tranqüilo, porque essa história toda é MENTIRA!”, e deu uma baita gargalhada.
Naquela
hora xinguei o sujeito de uma meia dúzia de palavrões e começamos todos a rir.
Ele me explicou que ele conhecia o Niva porque trabalhou na fazenda do cara que
me vendeu o carro e dirigiu muito a viatura. Disse que quando viu parado na
beira da estrada identificou pela placa e resolveu fazer uma brincadeira.
Recuperado
do susto até eu ri da história, conversei com o gordo que elogiou muito o
carro, disse que eu tinha feito uma boa compra, me desejou felicidades e se
despediu.
Retornamos
a viagem comentando a história até que lá pelas tantas eu perguntei pro meu
colega:
— Ô Aspira, enquanto aquele gordão tava enfiado
no carro eu vi que tu ficou bem quietinho e só me olhava. Por acaso tu tava com
medo do cara?
E ele,
fiel como um Sancho Pança, me respondeu:
— Que
nada, eu tava com o carro engrenado e o pé no acelerador. Se tu me desse o
sinal eu arrancava com aquele gordo pendurado na porta!
Prosseguimos
a viagem rindo e imaginando a cena absurda de um Niva roubado em fuga com sua
“altíssima velocidade” com um gordo entalado na porta, hehehehe!
É, meus
camaradas, ta aí a prova de que nem todas as aventuras de um Niva acontecem nas
trilhas.
Um
grande abraço;
Leonardo
Cardoso
Caçapava
do Sul – RS
Niva
1991 – Colorado velhaco.
3 comentários:
Só não acreditei eu uma coisa, 01. Tu dizes:
"Desde quando era guri tinha o sonho de ter um Niva".
Quando tu eras guri, os NIVAs ainda não existiam. RSRSRS
Agora "a folga na direção fazendo o carro zigue-zaguear na estrada, os pneus assustadoramente carecas me atirando no acostamento a cada curva (ou na contra-mão)", foi igualzinho o que aconteceu quando levei o "Pangaré" para casa. Uma hora e meia para percorrer 55km com o * na mão. HEHEHE
Abração Léo, gostei demais da história.
Camarada Leonardo seja sempre bem vindo a este mundo Niveiro maravilhoso que fazemos parte, e meu amigo mais que história linda! meus parabéns...
Ser niveiro é isto, é participar de um mundo novo selecionadíssimo que somente poucos podem fazer parte, e olha que isto não depende de dinheiro já que para fazer parte desta seita ou se é niveiro ou tem dor de cotovelo rsss
Abraço, Christian <>
http://lastierrasaustrales.blogspot.com/
Camarada Leonardo, bem vindo ao clube!!! Muito legal seu texto. Te desejo sorte com o carro. Um abraço
Djalma
http://jipeniva.blogspot.com.br/
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