"Ôôô Betôooo, Ôôô Betôooo, hoje
vamos inaugurar esse bagageiro!!!..." Cantava meu avô a nossa ação da tarde...
Meu avô Arlindo, o avô que escolhi
para me adotar como neto, na sua juventude de 94 anos da um show de vitalidade trabalhando
na roça de cacau e gado as margens do rio Pardo, coisa que desafio qualquer um de
nós...
Um exemplo de pai, vô, bisavô, amigo
e fazendeiro, pessoa séria e divertida, espirituosa, experiente, mestre da
simpatia agrícola e doutor em Vick Vaporub, sempre se lembrando de mim ao guardar porções
de “moquecas de siri do mangue” e um docinho de banana caseiro. Sim, o avô que
nunca tive e aprendi ama-lo pela sua simplicidade em viver.
Hoje vi em seus olhos e atitudes que
estava no seu habitat natural, era uma verdadeira criança brincando no seu
trabalho de muitas décadas, eu via prazer em tudo que fazia e tudo aquilo era o
seu dia-a-dia até não mais poder dirigir sua Toyota Bandeirante 4x4 com
roda-livre. Em acordo nos revezamos por uma vez por semana leva-lo a suas
fazendas para trabalhar e nós fazemos isso por prazer e amor.
Falando um pouco do Cacau, o
primeiro pé da semente plantado em toda a região foi na fazenda vizinha
Cubículo, aqui em Canavieiras, no século XVIII, e ainda hoje as inúmeras
fazendas dominam a paisagem ao longo dos rios.
A árvore de cacau só cresce no calor
da floresta tropical equatorial. A sombra da floresta da “Mata atlântica” com plantas
altas que protegem a árvore jovem contra o sol ardente ou vento forte. Depois
de cinco anos, é forte o suficiente para sobreviver.
Do interior do cacau é extraído suas
sementes, a matéria prima necessária para a produção. Essas sementes são
assadas, fermentadas e moídas, em um processo que o controle de tempo e
temperatura são fundamentais. O cacau é colhido assim que fica com cor entre o
amarelo e o laranja, e em seguida são armazenados para amadurecer por alguns
dias. Após isso o fruto é aberto, e é retirado o seu interior que possui cor
branca e textura pastosa.
Os grãos (amêndoas) do chocolate
assim que retirados, passam por um processo de fermentação com temperatura
controlada por alguns dias, momento em que seus sabores e aromas se desenvolvem
e potencializam. Após essa etapa, os grãos de cacau são levados ao sol para
secar quase que por completo. Em seguida e ensacado (saca de 60 kg) para ser
comercializado.
E o meu vô?!
Ora semana que vem temos mais
alegria...
Longa Vida ao meu Vô-Rei!!!...
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