Em quatro cantos da
cidade de Santa da Luz, no interior da Bahia, conta-se que populares temiam o “Coisa
Ruim” que aprontava muito e de todos os jeitos, havia até pessoas que juravam
que iria dar trabalho até para morrer. Ninguém
queria conversa com o “Coisa Ruim”, que era problemático, forte, feio e valente. Certo dia numa tarde ensolarada na cidade das Ilhas Rasas, no centro da cidade, foi morto com um tiro certeiro no peito após uma nova desavença. O corpo do “Coisa Ruim” foi para a “pedra branca” do hospital regional para o levantamento cadavérico, e após a liberação ninguém se dispusera a fazer o translado para a cidade vizinha. Entraram em contato com parentes e moradores da cidade Santa da Luz e ninguém se manifestou a fazer o transporte do corpo de volta a sua terra natal. Procuraram às autoridades das duas cidades e nada, o problema se instalou. Transitava na cidade das Ilhas Rasas para fazer a feira da semana, um cidadão que morava no sítio Da Boa Esperança, as margens da rodovia BA-001, que ficava entre as duas cidades. Por ser prestador de serviço comunitário, meio mentecapto e meio corajoso, Estaca Zero, como era carinhosamente chamado pela comunidade, se prontificou em levar o corpo para a cidade de Santa da Luz, porem seu carro não era tão adequado, era um Lada Niva ano 1991, mas mesmo assim assumiu o compromisso: “...eu levo o morto!”
queria conversa com o “Coisa Ruim”, que era problemático, forte, feio e valente. Certo dia numa tarde ensolarada na cidade das Ilhas Rasas, no centro da cidade, foi morto com um tiro certeiro no peito após uma nova desavença. O corpo do “Coisa Ruim” foi para a “pedra branca” do hospital regional para o levantamento cadavérico, e após a liberação ninguém se dispusera a fazer o translado para a cidade vizinha. Entraram em contato com parentes e moradores da cidade Santa da Luz e ninguém se manifestou a fazer o transporte do corpo de volta a sua terra natal. Procuraram às autoridades das duas cidades e nada, o problema se instalou. Transitava na cidade das Ilhas Rasas para fazer a feira da semana, um cidadão que morava no sítio Da Boa Esperança, as margens da rodovia BA-001, que ficava entre as duas cidades. Por ser prestador de serviço comunitário, meio mentecapto e meio corajoso, Estaca Zero, como era carinhosamente chamado pela comunidade, se prontificou em levar o corpo para a cidade de Santa da Luz, porem seu carro não era tão adequado, era um Lada Niva ano 1991, mas mesmo assim assumiu o compromisso: “...eu levo o morto!”
A mala do Lada Niva
1991 tinha uma peculiaridade que anos seguintes foram corrigidos e ajustados
pelo fabricante russo. Estaca Zero sabia que o caixão do morto não caberia
integralmente na mala e que teria que usar sua criatividade para o translado.
Sendo assim, deitou o banco traseiro e ajustou o dianteiro do carona, mas não
teve jeito, parte do caixão ficou para o lado de fora da viatura. Como havia se
comprometido com a missão seguiu a viagem pela BA-001 rumo a cidade Santa da
Luz sozinho e o morto. A estrada que liga as duas cidades está muito precária
cheia de buracos a anos, mas nada disso impediria a conclusão da missão. Nos
primeiros quilômetros o Lada Niva começou apresentar falhamentos e parou. Nhem,
nhem, nhem, vrummm!!! Funcionou! Seguiu viagem nosso aventureiro. Minutos
depois novos falhamentos e mais uma vez o carro morreu, começando a se chatear
com o veículo Estaca Zero solta alguns palavrões... Nhem, nhem, nhem, vrummm!!!
Funcionou novamente! Quilômetros depois os falhamentos insistem novamente e
carro pára na estrada escura, seu condutor desce do carro avalia toda situação,
abre o motor, liga a lanterna e nada ver de anormal, entra no carro e da nova
partida... Nhem, nhem, nhem, nhem, nhem, nhem, nhem, vrum, vrum, vrummmm!!!
Funcionou, mas com desta vez com alguns soluços estranhos! Irritadíssimo nosso
amigo Niveiro seguiu sua viagem resmungando... Por volta das nove da noite o
mesmo defeito de falhamento acontece, mas por sorte desta vez estava entrando no
arraial de Bertiolândia e não deu outra o carro parou! Nhem, nhem, nhem, nhem,
nhem, nhem, nhem, nada!... Nhem, nhem, nhem, nhem, nhem, nhem, nhem,
nada!... Nhem, nhem, nhem, nhem, nhem,
nhem, nhem, nada!... Estaca Zero desceu
do carro chutando toda a lataria de tamanha irritação e xingando alto: “...poxa
quebrou novamente?!...”
Populares de Bertiolândia
se aproximaram com a intenção de ajudar e perceberam que ele transportava um
defunto. Dona Vani, a rezadeira de Bertiolândia curiosamente foi olhar a cara
do defunto pela janelinha embaçada pelo frio e constatou em voz alta: “...Deus
é mais!”
Assustado com
espanto da rezadeira Estaca Zero pergunta com grande curiosidade: “...o que foi
senhora?!...”
“...olha meu filho,
se seu carro está quebrando toda hora só pode ser coisa desse Coisa Ruim aí,
ninguém gostava dele aqui e nem em Santa da Luz, com certeza ele não quer
voltar pra casa para acertar suas contas...” disse a rezadeira com toda convicção
do mundo.
Continuou a
rezadeira de Bertiolândia: “...se quiser continuar a viagem faça o seguinte meu
filho, vá alí no mato, corte um cipó de macaco e dê uma surra de três minutos nesse
Coisa Ruim para ele aprender a não atrapalhar a viagem dos outros!...”
Não pensou duas
vezes Estaca Zero, entrou no mato, procurou o cipó de macaco, cortou um tamanho
justo e mostrou a Dona Vani. Chegou na viatura retirou o caixão do defunto,
colocou no chão, abriu, e aplicou um surra no morto!
“...toma feladap...
toma feladap... toma feladap... toma feladap...”
Cansado, fechou o
caixão, colocou o defunto novamente no Lada Niva, deu partida no veículo sem
problema e foi embora...
“...obrigado Dona
Vaniiiiiiiiii!!!...” Vruuummmmmmmm!!!...
*Este é um causo,
uma adaptação, uma ficção, portanto qualquer semelhança com nomes, pessoas,
fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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