13 de jun. de 2011

LADA NIVA no BRASIL-IL-IL-il-il-il...

Chegou à hora do retorno da Rússia à América Latina

Atualmente, a Rússia já estabeleceu e mantém relações diplomáticas com quase todos os 33 países da América Latina e do Caribe. Vale destacar que os países dessa região representam uma diretriz independente na política externa russa. Além disso, na renovada Concepção da Política Externa, assinada pelo presidente da Federação da Rússia, está claramente definido que a cooperação com os países da América Latina é, para a Rússia, de grande importância estratégica.
Os eventos mais marcantes nas relações da Rússia com os países da América Latina e do Caribe no século 21 foram as visitas das delegações russas em alto e altíssimo nível ao Brasil, Argentina, Cuba, Venezuela, México, Chile e outros países, o que reflete o alto grau de desenvolvimento do diálogo político.

Foram instauradas e estão em funcionamento comissões em alto nível com o Brasil, bem como as comissões intergovernamentais de cooperação econômica, científica e tecnológica com Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, México, Nicarágua, Peru, Chile e alguns outros países da região. Praticamente com todos os países da região se desenvolvem de modo ativo as relações no nível interparlamentar. Regularmente está sendo renovada e ampliada a base jurídica da cooperação com assinatura de acordos. Com os parceiros mais importantes já foram assinados memorandos de isenção de dupla tributação, incentivo e proteção mútua de investimentos, desenvolvimento dos laços científicos e técnicos. Foram criados Conselhos Empresariais com Brasil, Argentina, Venezuela, Cuba e México.





No momento, o principal meio de cooperação comercial e econômica da Rússia com os países da América Latina e do Caribe é o comércio. O alto potencial do setor de energia e combustíveis de uma série de países da região, como no caso do Brasil (hidrocarbonetos), Argentina (recursos hídricos), Venezuela, México e Bolívia, entre outros, já atraiu e continua atraindo o interesse de grandes companhias russas. Entre estas podem ser citados: Gazprom, Lukoil, Power Machines. O inicio das atividades dessas empresas citadas e outros grupos russos na região atende aos interesses da Rússia de fortalecer as posições no mercado energético internacional.






Brasil – o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina 

Os pesquisadores russos contemporâneos consideram que o intercâmbio comercial entre Brasil e Rússia teve início em 1812. Foi nesse ano que, pela primeira vez, navios brasileiros de um rico comerciante português aportaram na Rússia. O vertiginoso crescimento do poder da Rússia na arena internacional daquela época imprimiu um certo impulso ao estabelecimento e desenvolvimento do comércio bilateral Brasil-Rússia. Em 1814 chegaram ao Brasil os primeiros navios comerciais russos. Em 1822 o Brasil declarou a sua independência. Em 3 de outubro de 1828 foram estabelecidas as relações diplomáticas com a Rússia. Pode-se dizer que essa data também inaugurou, oficialmente, as relações comerciais e econômicas não somente entre a Rússia e o Brasil, mas com todos os países da América Latina.
Na segunda metade do século 19 o comércio da Rússia com o Brasil viveu um significativo aumento. O valor das exportações brasileiras para a Rússia superava em algumas vezes o valor das exportações russas ao Brasil. O Brasil exportava para a Rússia café, cacau, baunilha, algodão, couros, borracha e corantes. A pauta russa de exportação para o Brasil consistia de trigo, tecidos, cimento, madeira processada, querosene, vodca, álcool, mercadorias de ouro e prata, entre outros.
No século 20, as relações comerciais regulares entre a União Soviética e o Brasil só começaram a se desenvolver de modo mais ativo em 1959, após a assinatura do primeiro acordo entre os dois países, referente ao comércio e sistemas de pagamento. Em 1961, em Moscou e no Rio de Janeiro, foram criadas as delegações comerciais permanentes, que em 1963 se transformaram em Representações Comercias. Na década de 1960 o intercâmbio comercial crescia em ritmo acelerado. Em 1963, por exemplo, a participação da União Soviética no comércio exterior brasileiro atingiu 3%, enquanto o Brasil se transformou em um dos maiores parceiros da União Soviética entre os países em desenvolvimento.
Após o desmantelamento da URSS, a Federação da Rússia se tornou Estado herdeiro da União Soviética. Até a segunda metade da década de 1990, o relacionamento da Rússia com os países da América Latina e do Caribe, inclusive com o Brasil, foi posto a uma dura prova. Principalmente em consequência da firme orientação pró-ocidental da política externa do governo russo de então, e também em função da complexa situação política e econômica interna da Rússia. Essas circunstâncias refletiram de modo negativo e provocaram uma considerável queda no volume do intercâmbio comercial com praticamente todos os países latino-americanos.
Mesmo assim, na primeira metade da década de 1990 pode ser destacada a venda, pela Lada do Brasil, de automóveis russos da empresa VAZ. O volume de importações dos carros Niva e Lada, entre 1990 e 1995, superaram 20 mil unidades. No entanto, em conseqüência da adoção de cotas de importação de automóveis pelo governo brasileiro, e do fato de os automóveis russos não terem recebido as cotas, o seu fornecimento foi interrompido.






Durante as últimas décadas, o Brasil continua a ser o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina.
Em 2010, aconteceu um grande aumento do intercâmbio comercial entre a Rússia e o Brasil, que somou 6 bilhões de dólares (um crescimento de 41,6%). Desse modo, foram superados os indicadores da balança comercial, anteriores à crise (5,45 bilhões de dólares em 2007).
Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, o MDIC, em 2010 as exportações russas para o Brasil aumentaram 35% e somaram 1,9 bilhão de dólares. As importações russas do Brasil, por outro lado, somaram 4,1 bilhões de dólares, aumentando 45%, comparando com os resultados de 2009. O saldo positivo do Brasil na balança comercial aumentou 53,9% e somou 2,2 bilhões de dólares.

Em 2010, a estrutura do intercâmbio comercial Brasil-Rússia continuou sendo formada majoritariamente por commodities. As exportações russas consistiram, tradicionalmente, de fertilizantes (mais de 40%). Inclusive de ureia – 287 milhões de dólares (15%); nitrato de amônia – 195 milhões de dólares (10%); fertilizante de potássio – 136 milhões de dólares (7%); ortofosfato de amônia – 121 milhões de dólares (6,3%); e sulfato de amônia – 21 milhões de dólares (1%).
Merece ser destacado o considerável aumento de exportações russas para o Brasil de laminados de aço (laminados a quente e a frio), cuja participação nas exportações russas ao Brasil foi de 18% (338 milhões de dólares).
Além disso, em 2010, 11% das exportações russas para o Brasil foram produtos da indústria petroquímica, como petróleo cru – 177 toneladas, no valor de 130,3 milhões de dólares (6,8%); nafta – 71,2 mil toneladas, no valor de 47,6 milhões de dólares (2,5%); óleo diesel – 45,4 mil toneladas, no valor de 33 milhões de dólares (1,7%). Vale destacar que, em 2009, a Rússia não exportava petróleo cru nem diesel para o Brasil.

Em 2010 foram realizadas exportações de produtos de alta tecnologia russos para o Brasil, cuja participação no volume geral de exportações russas para o país foi de 5,7%. Trata-se inclusive de helicópteros, importados pelo Brasil, no valor de 75,7 milhões de dólares (4%).
A pauta de exportação russa também contou com produtos de borracha (4,4% – 82,6 milhões de dólares); carvão de diversos tipos (3,2% – 61,7 milhões de dólares); paládio (2,9% – 56 milhões de dólares); enxofre granulado (1,6% – 31,3 milhões de dólares).
Já o Brasil continua a ver na Rússia, antes de tudo, um mercado prioritário para os seus produtos agrícolas. Em 2010, a pauta de exportação brasileira para a Rússia era composta por produtos alimentícios e matérias-primas agrícolas (mais de 95%).
Os principais produtos importados pela Rússia do Brasil foram: açúcar, no valor de 1,5 bilhão de dólares (38%); carne bovina, no valor de 1,1 bilhão de dólares (24,6%); carne suína – 645 milhões de dólares (15,5%); carne de aves – 262,9 milhões de dólares (6,3%); soja – 157,5 milhões de dólares (4%); café solúvel e em grãos – 130,1 milhões de dólares (3%); tabaco – 110 milhões de dólares (2,5%).
Levando em consideração esses dados, como poderíamos avaliar as perspectivas de desenvolvimento do intercâmbio comercial Brasil-Rússia?






Em curto prazo, levando em consideração a tendência da manutenção da predominância de produtos agrícolas na exportação brasileira para a Rússia, os produtos que irão para o mercado russo provavelmente serão a carne de alta qualidade e produtos de carne, leguminosas, açúcar, soja, café, tabaco, sucos de fruta concentrados.
Considerando a presença tradicional da Rússia nos mercados brasileiros, podemos arriscar previsões de que, em perspectiva, a Rússia poderá aumentar as exportações de produtos como fertilizantes, laminados metálicos, petróleo e derivados, equipamento de geração de energia, helicópteros e armamentos. Dependendo da flutuação dos preços no mercado internacional de grãos e dos impostos brasileiros, é possível a exportação russa de trigo.
A cooperação espacial Brasil-Rússia promete se desenvolver cada vez mais, ou seja, é possível a exportação de equipamentos russos para essa área.
Considerando a abertura do escritório da Gazprom no Rio de Janeiro, que deverá acontecer em breve, existe uma possibilidade de exportações russas de equipamento da indústria de gás, bem como de tecnologias de transporte de hidrocarbonetos.





A Rússia possui potencial para ser demandada na América Latina
Como vimos, mais uma vez as chances se apresentam para a Rússia, no sentido de ser demandada pelo mundo latino-americano, inclusive pelo Brasil. E a Rússia tem potencial para tanto.
O fortalecimento dos empreendimentos russos nos países da América Latina e do Caribe, em médio e longo prazos, é uma necessidade objetiva, real e lógica, ditada pelo próprio desenvolvimento geopolítico nessa região. É muito importante não deixar passar esse momento tão propício para a realização desse objetivo.
Está na hora de a Rússia retornar de vez e para valer à América Latina. E esse retorno deve começar pelo fortalecimento da parceria com o Brasil!
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Fontes:
Sergey Baldin
www.diariodarussia.com.br
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Um comentário:

BACALHAU disse...

A Rússia poder até querer (e precisa) de parceiros comerciais.
Ela está desesperada em arranjar compradores para os seus produtos, principalmente devido à grave crise financeira que ainda não foi superada pela Europa.
Porém, o interesse comercial da República das Bananas é a RPC e nada indica que isso vá mudar.
NIVA de volta ao Brasil, até eu quero, mas, vai esperando...