31 de out. de 2012

O PRIMEIRO SUSTO DE NIVA! - Causo






O PRIMEIRO SUSTO DE NIVA!

Para deixar a minha contribuição no blog do camarada Betão vou contar um “causo” ocorrido logo que comprei meu Niva vermelho 1991, viatura conhecida entre os amigos pela alcunha de “Colorado Velhaco”.


Desde quando era guri tinha o sonho de ter um Niva, na verdade desde quando meu pai comprou um Laika zero km e eu fui picado pelo vírus russo. No fim de 2011 juntei uns trocados, convenci a Dona Onça (essa foi a parte mais difícil), e decidi que me tornaria um feliz proprietário de um bravo filho da Mãe Rússia, ou como dizem, um Niveiro.

Passei a acompanhar fóruns, classificados, internet, e caçar aquela que seria a minha viatura. Procura daqui, procura dali, e achei todo tipo de Niva, originais, Nivas modificados, Carros movidos a gasolina, a diesel, a álcool, à vodka; Nivas caros, baratos, carros em estado de sucata, em estado de novo.

Cheguei a me apaixonar por alguns Nivas bonitões, com rodões e preparados pra trilha, mas depois desisti, aconselhado pelos camaradas mais experientes que me mostraram que nesse meio niveiro tinha muito gato sendo vendido como lebre.

Um certo dia vi um anúncio na internet que era bom demais pra ser verdade: Um Niva do ano que eu queria, da cor que eu queria, todo original como eu queria, bem barato e, coincidentemente, estava na minha cidade natal, Pelotas-RS.

Troquei e-mail’s, pedi fotos, telefonei, negociei com o vendedor e ele ainda baixou mais um pouco o preço anunciado. Não tive dúvidas, viajei 260 km e fui buscar a viatura.

Chegando lá o carro era original e tava bom de mecânica, mas tinha muitos defeitos que não tinha visto nas fotos, como pintura desbotada, pontos de ferrugem, pneus carecas, pára-brisa trincado e uma folga na direção de palmo e meio.

Aproveitei esses defeitos pra dar uma chorada e o vendedor baixou ainda mais o preço. Comparado com os outros anúncios que eu tinha visto o carro tava quase de graça.

Quando a esmola é muita o santo desconfia e comecei a desconfiar da pressa do vendedor em se livrar do carro, mas o vendedor era um médico, um sujeito com uma bela casa, com dois camionetões importados na garagem. Pensei “Ele só quer se livrar do russinho pra desocupar espaço e tá pouco ligando pro dinheiro”.

Mal acreditando na minha sorte grande, comprei a viatura e rodei os 260 km de volta para minha casa olhando através do pára-brisa trincado, a folga na direção fazendo o carro zigue-zaguear na estrada, os pneus assustadoramente carecas me atirando no acostamento a cada curva e uma fila de caminhões atrás de mim buzinando... mas feliz da vida como um guri com um brinquedo novo!

Na primeira semana passei a procurar um pára-brisa para substituir o trincado e poder vistoriar o carro para transferir pro meu nome. Achei um na cidade de Santa Maria – RS, a 100 km da minha casa. Procurei fotos no Google e a loja era um desmanche muito “suspeito”, localizado num bairro mais “suspeito” ainda.

Como o Niva não estava muito seguro para rodar e a loja aonde eu ia parecia menos segura ainda, convidei vários colegas do escritório aonde trabalho para ir comigo e o único que topou a aventura foi um estagiário, que atende pelo apelido de “Aspira”.

Na ida a viagem foi uma beleza e o Niva me surpreendeu. Tava rodando bem e o Aspira dirigiu tranqüilo o tempo todo. Trocamos o pára-brisa e estávamos no acostamento da BR, com pressa de sair do tal bairro suspeito, quando um sujeito muito gordo (coisa de uns 200 quilos) vem atravessando a estrada correndo em nossa direção, sinalizando com os braços pra cima para não arrancarmos com o carro.

Ficamos parados, com o motor ligado, e o gordo chegou ofegante, enfiou meio corpo pela janela e segurou o volante para não sairmos.

Daí ele diz: “De quem é esse carro?” E eu respondi que era meu. Ele perguntou “Tu comprou a pouco tempo?” e eu disse que sim, havia uma semana. Aí o sujeito me olha bem sério nos olhos e me diz: “Pois esse carro é meu! ESSE CARRO É ROUBADO!!!”.

Naquela hora lembrei do vendedor entregando o carro a preço de banana e pensei: Putz, lá se vai o meu Niva!

O gordão começou com uma história de que o carro tinha sido roubado um ano antes e que tinha sido visto rodando em Pelotas (a cidade onde eu comprei), e que ele estava investigando por conta própria porque a polícia não dava bola.

No meio dessa história toda o Aspira, meu fiel escudeiro, só me olhava sério e não dava um pio.

Me recuperei do susto e disse pro sujeito que, se ele achava que era o Niva dele, então devíamos ir pra delegacia resolver. Afinal eu podia provar a origem do carro, tinha prova do que paguei, tinha o DUT assinado, etc.

Foi quando o gordo me olhou de novo no olho e perguntou “Tu tá nervoso, rapazinho?” e eu sério respondi “Não, tô tranqüilo”, ao que o gordo replicou “Pois deves ficar tranqüilo, porque essa história toda é MENTIRA!”, e deu uma baita gargalhada.

Naquela hora xinguei o sujeito de uma meia dúzia de palavrões e começamos todos a rir. Ele me explicou que ele conhecia o Niva porque trabalhou na fazenda do cara que me vendeu o carro e dirigiu muito a viatura. Disse que quando viu parado na beira da estrada identificou pela placa e resolveu fazer uma brincadeira.

Recuperado do susto até eu ri da história, conversei com o gordo que elogiou muito o carro, disse que eu tinha feito uma boa compra, me desejou felicidades e se despediu.

Retornamos a viagem comentando a história até que lá pelas tantas eu perguntei pro meu colega:

 Ô Aspira, enquanto aquele gordão tava enfiado no carro eu vi que tu ficou bem quietinho e só me olhava. Por acaso tu tava com medo do cara?

E ele, fiel como um Sancho Pança, me respondeu:

— Que nada, eu tava com o carro engrenado e o pé no acelerador. Se tu me desse o sinal eu arrancava com aquele gordo pendurado na porta!

Prosseguimos a viagem rindo e imaginando a cena absurda de um Niva roubado em fuga com sua “altíssima velocidade” com um gordo entalado na porta, hehehehe!

É, meus camaradas, ta aí a prova de que nem todas as aventuras de um Niva acontecem nas trilhas.

Um grande abraço;

Leonardo Cardoso
Caçapava do Sul – RS
Niva 1991 – Colorado velhaco.

3 comentários:

BACALHAU disse...

Só não acreditei eu uma coisa, 01. Tu dizes:
"Desde quando era guri tinha o sonho de ter um Niva".
Quando tu eras guri, os NIVAs ainda não existiam. RSRSRS
Agora "a folga na direção fazendo o carro zigue-zaguear na estrada, os pneus assustadoramente carecas me atirando no acostamento a cada curva (ou na contra-mão)", foi igualzinho o que aconteceu quando levei o "Pangaré" para casa. Uma hora e meia para percorrer 55km com o * na mão. HEHEHE
Abração Léo, gostei demais da história.

Christian disse...

Camarada Leonardo seja sempre bem vindo a este mundo Niveiro maravilhoso que fazemos parte, e meu amigo mais que história linda! meus parabéns...

Ser niveiro é isto, é participar de um mundo novo selecionadíssimo que somente poucos podem fazer parte, e olha que isto não depende de dinheiro já que para fazer parte desta seita ou se é niveiro ou tem dor de cotovelo rsss

Abraço, Christian <>
http://lastierrasaustrales.blogspot.com/

Blog Jipe Niva disse...

Camarada Leonardo, bem vindo ao clube!!! Muito legal seu texto. Te desejo sorte com o carro. Um abraço

Djalma
http://jipeniva.blogspot.com.br/